Terra e Paixão: Psiquiatra explica a aversão sexual de Petra


No episódio de terça-feira de “Terra e Paixão”, a personagem Petra revela ao personagem Luigi sua aversão a sexo. Ela confessa que se sente invadida e desconfortável com qualquer tipo de contato sexual, e que essa aversão a afeta profundamente. Essa aversão tem um nome – Transtorno de Aversão Sexual (TAS).

O TAS é caracterizado pela repulsa e aversão a qualquer tipo de contato sexual, especialmente o contato genital. Pessoas com esse transtorno sentem repulsa e desconforto ao pensar em ter um relacionamento sexual. No entanto, elas também se sentem culpadas e envergonhadas por essa aversão, o que diferencia o TAS da assexualidade.

A doutora Aline Rangel, psiquiatra e psicoterapeuta, explica que o TAS geralmente se desenvolve como uma resposta a experiências sexuais negativas e mensagens negativas sobre sexualidade. Essa aversão pode ser tão intensa que as pessoas passam a evitar o contato social e até a adotar uma forma de se vestir mais defensiva, para evitar qualquer tipo de aproximação ou intimidade com outras pessoas.

Sentir culpa e vergonha é uma característica do TAS. Pessoas com esse transtorno se sentem anormais e infelizes, e muitas vezes evitam buscar ajuda ou tratamento. Isso torna difícil estabelecer a prevalência do TAS, mas sabe-se que é mais comum em mulheres. Homens com TAS tendem a evitar relacionamentos e podem sofrer de ansiedade sexual de desempenho ou ansiedade orgásmica.

Embora as causas do TAS ainda não sejam totalmente compreendidas, é comum encontrar histórico familiar de transtornos de ansiedade e fobias em pessoas com esse transtorno. A vergonha em falar sobre o assunto pode dificultar o tratamento, mas reconhecer o problema e buscar ajuda profissional é o primeiro passo para o tratamento.

É importante destacar que o TAS e a abstinência sexual são assuntos completamente diferentes. O TAS é uma doença psicológica que causa sofrimento à pessoa, levando-a a evitar qualquer tipo de contato sexual. Já a abstinência sexual é um processo consciente em que a pessoa redireciona o prazer sexual para outras áreas de sua vida. Pessoas assexuais não se incomodam com a falta de desejo sexual e encaram essa situação de forma natural.

Devido à falta de estudos sobre o TAS, ainda há muito a ser compreendido sobre esse transtorno. No entanto, sabe-se que ele pode ser desencadeado por experiências traumáticas em qualquer fase da vida, condições de saúde e tratamentos médicos. Algumas doenças e medicamentos podem afetar negativamente a função sexual e criar um ambiente frustrante durante a experiência sexual. Casos de abuso sexual, exposição precoce à sexualidade e exposição a sistemas morais repressivos também podem contribuir para o desenvolvimento do TAS.

No entanto, o diagnóstico do transtorno de aversão sexual foi removido do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) devido à sua raridade e à falta de pesquisas de apoio. Agora, o TAS é classificado como uma disfunção sexual. Há debates sobre se a aversão sexual deve ser classificada como uma fobia ou um transtorno sexual, mas na Classificação Internacional de Doenças (CID 11) da Organização Mundial da Saúde, a Aversão Sexual é reconhecida como um diagnóstico estabelecido entre os transtornos sexuais.



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