Um novo estudo em animais mostrou que a presença de um câncer por si só pode levar a danos cardíacos, além de que sugere que os culpados são moléculas chamadas de radicais livres que interagem com células específicas no coração. Analisando os tumores em camundongos e moscas, notaram houve queda da capacidade de bombeamento de sangue do coração por vários graus de disfunção cardíaca.
Adicionar tipos específicos de antioxidantes aos alimentos consumidos por mosca com tumores reverteu o dano aos seus corações. “O câncer se torna uma doença sistêmica. Não é apenas um tumor fazendo uma coisa”, disse a autora Shubha Gururaja Rao, professora assistente de farmacologia na Ohio Northern University.
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Inclusive, é o primeiro estudo a usar um modelo genético para investigar o efeito direto do câncer na disfunção cardíaca. Eles descobriram que diferentes genes associados ao câncer afetam o coração de maneiras diferentes. “Isso sugere que o tratamento pode ser adaptado se você souber quais genes estão causando o câncer ou são anormais em certos tipos de câncer”, comentou Harpreet Singh, autor do estudo e professor associado de fisiologia e biologia celular no estado de Ohio.
Estima-se que 50 a 80% dos pacientes com câncer desenvolvam a condição de perda muscular chamada caquexia, que pode levar à insuficiência cardíaca, e os tratamentos de radiação e quimioterapia estão associados a danos relacionados à toxicidade no músculo cardíaco.
As pesquisas sugerem que problemas cardíacos podem surgir antes que ocorra o tratamento do câncer ou perda de massa muscular. Sendo assim, a equipe do estado de Ohio observou que um estudo publicado recentemente no Journal of the America Heart Association relatou a detecção de anormalidades no tecido cardíaco e na função cardíaca em pacientes humanos com câncer antes do início do tratamento do câncer.
A equipe injetou células de câncer de mama nas glândulas mamárias de camundongos e mediram a função cardíaca dos animais quatro semanas depois. Eles descobriram que duas medidas de débito cardíaco, fração de ejeção do ventrículo esquerdo e fração de encurtamento, diminuíram em cerca de 20% e 22%, respectivamente.
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Os pesquisadores descobriram um aumento total do corpo na taxa de produção, bem como um maior número total de radicais livres em moscas com tumores em comparação com controles. A taxa de produção de espécies reativas de oxigênio também foi significativamente maior em camundongos com tumores em comparação com os controles.
Para testar se os suplementos podem reverter o dano cardíaco relacionado ao tumor, quatro antioxidantes foram adicionados à comida das moscas por sete dias: Glutationa (GSH), vitamina E, CoQ10 ou vitamina C.
Os resultados mostraram que todos, exceto a vitamina C, restauraram a função cardíaca das moscas aos níveis normais. “Não sabemos ainda por que um antioxidante funciona contra outro”, comentou Rao, acrescentando que, como as moscas ingeriam os antioxidantes em sua alimentação, os pesquisadores também não têm informações definitivas sobre as doses.
Embora a pesquisa tenha se concentrado em um gene causador de câncer para estudar o mecanismo de danos ao coração, a equipe testou inicialmente os efeitos de vários genes causadores de câncer nas próprias moscas. A função cardíaca afetada e a intensidade dos efeitos no coração variaram. Com isso, a ideia é continuar os estudos genéticos em moscas e testar os efeitos no coração de camundongos com tumores.
Fonte: Medical Xpress