Produtor de soja em SP detalha investimento em energia solar


Produtor de soja do interior de São Paulo aumentou a média produtiva da lavoura em 50% nos últimos dez anos. Agora, prepara o plantio da primeira safra com energia fotovoltaica em sua fazenda e tem a meta de colher 120 sacas em seis anos. Esse foi um dos destaques do quinto episódio do programa Aliança da Soja, iniciativa do Canal Rural com a Intacta 2Xtend que tem o objetivo de unir com informação de qualidade os elos da cadeia da oleaginosa.

O capítulo também contou com as instruções do engenheiro agrônomo Reinaldo Anastácio. Segundo ele, antes de iniciar a semeadura, é preciso verificar o bom condicionamento de um elemento primordial. “O solo tem de estar bem calcareado, bem adubado e, assim, ter os níveis de elementos químicos equilibrados para cuidar da nutrição da planta. Além disso, provavelmente o produtor estará vindo de uma rotação de culturas, aonde se teve ou um adubo verde ou uma cultura de inverno, com uma palhada no solo tanto para proteger da erosão, quanto da perda de água e da temperatura, que pode ficar elevada sem essa proteção”, explica.

energia solar

Foto: Pixabay

De acordo com Anastácio, a partir da grande utilização da soja transgênica, houve o aumento de problemas de ervas daninhas, como o capim amargoso e a buva. “Essas ervas têm de ser muito bem manejadas no outono para que não se entre durante a safra com essas ervas fora de estágio ou com elas nascendo junto ou até na frente da soja. Isso dificulta muito o seu controle.”

Manejo da semente

Para ele, também é fundamental que o produtor fique atento na hora de comprar a semente e opte para a variedade ideal para a sua região. “Cada região conta com o melhor material que tem o melhor potencial produtivo. Além disso, dentro da mesma região, existem outras variáveis, como o tipo de solo. Em uma fazenda pode existir um solo mais arenoso e, em outra, um mais argiloso, por exemplo”, detalha.

O quinto programa do Aliança da Soja também contou com a participação do diretor-executivo da Nação Agro, Flávio Marques, que ressaltou a importância de se tomar conta da distribuição da semente, atentando-se à velocidade adequada de trabalho da plantadeira e à profundidade de plantio. “Hoje temos visto muitos erros de plantio com profundidades muito rasas, muito perto da superfície”, declara. Segundo ele, esse fator gera um decréscimo de potencial produtivo muito expressivo.

Energia solar na lavoura

O produtor Marcio Van Melis, de Buri (SP), tinha produtividade de 60 sacas por hectare em 2011. Na safra passada, 2020/2021, a colheita atingiu a média de 89 sacas por hectare. “Antigamente, 70 sacas era uma meta a ser alcançada. Hoje esse número é quase normal e a meta a ser alcançada é de 100 sacas, mas chegaremos a 120 sacas em 2027″, estima.

Na última década, Melis investiu cerca de 40 mil reais por hectare, somando aquisição de maquinário, estrutura e biotecnologia. O melhoramento genético foi um dos diferenciais para aumentar a produtividade. “Há 10 anos, a soja não era a nossa cultura principal e sinto que a tecnologia de genética também não era a ideal, não se adaptava à nossa região, tinha problemas de ser muito alta ou muito baixa, muito precoce ou muito tardia. Porém, agora, a genética chegou com tecnologia para a nossa região e, com isso, fechamos o ano passado com produtividade de 89 sacas e, para essa próxima, nossa meta é chegar a 100″, explica.

A irrigação também foi determinante para o alto desempenho. Atualmente, 100% da área plantada de soja é irrigada. Para diminuir a conta de luz, a aposta mais recente veio com o sistema de energia fotovoltaica, o que fez com que 85% da energia utilizada pela produção seja captada pelos painéis solares. Essa será a primeira safra assistida com a energia renovável na fazenda do produtor de Buri.

“Conseguimos um financiamento de dez anos com 6% de juros, que é muito interessante, e o payback é de seis anos. Como utilizamos a irrigação com o pivô central elétrico, o consumo de energia é bastante expressivo”, detalha. Outra estratégia de economia veio com a aquisição antecipada de insumos. Com a previsão de baixa oferta de fosfatado no mercado, Melis comprou o produto dez meses antes do plantio, fazendo com que seu custo de produção fosse reduzido em 25%.

Sustentabilidade da soja

Outro participante do Aliança da Soja foi o gerente de Assuntos Regulatórios para Biotecnologia da Bayer no Brasil, Guilherme Cruz. De acordo com ele, o ganho consistente de produtividade da soja no Brasil desde a sua entrada no país, na década de 1970, com média de 3,6% ao ano de incremento, acontece graças à inovação, tecnologia e ao conhecimento. “A ‘caixa de ferramentas’ a que o produtor tem acesso é ampla e sempre vemos um investimento constante em germoplasma, na genética e em outras ferramentas. A biotecnologia vem como aliada que traz segurança ao produtor e proteção ao potencial produtivo”, declara.

Cruz lembra que a soja Intacta está presente em aproximadamente 26 milhões de hectares no Brasil, sendo usada por mais de 150 mil agricultores. “Com essa tecnologia, que possibilita menos aplicação de inseticida, vemos redução no uso de água e menores emissões de gás carbônico devido ao uso menos excessivo de maquinário agrícola.”

O programa Aliança da Soja é uma parceria entre o Canal Rural e a Plataforma Intacta 2 Xtend e exibido às segundas-feiras, às 13h35, com reprise às terças-feiras, às 6h30.

 

 

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