O Facebook se tornou mais uma vez o centro de um escândalo, desta vez, envolvendo a ética empresarial da rede social mais popular do mundo. Há uma semana, o The Wall Street Journal tem divulgado reportagens que têm como base denúncias de pesquisadores da empresa.
Denominada “Os Arquivos do Facebook”, a série de reportagens mostra histórias bastante escabrosas, que a rede faz vistas grossas, por exemplo, para a disseminação de fake news. Além disso, brechas no algoritmo facilitaram a prática de crimes, como tráfico de drogas e de pessoas.
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As denúncias
As histórias chamaram a atenção do público e geraram ramificações, com outros veículos de imprensa divulgando matérias sobre vulnerabilidades do Facebook. Essas falhas envolvem, por exemplo, fazendas de trolls no Leste Europeu alcançando milhões de usuários com propagandas.
Em 2019, mais de 140 milhões de pessoas receberam essas propagandas, sendo que 75% delas foram alcançadas por alguma recomendação do Facebook. Outro ponto de fragilidade da rede de Mark Zuckerberg envolve a ferramenta de anúncios Facebook Marketplace.
De acordo com a ProPublica, o local para compra e venda de produtos e serviços é um terreno fértil para golpistas. Os fraudadores conseguem criar contas e anúncios falsos com relativa facilidade e aplicar toda sorte de golpes, sem risco de banimento permanente da rede.
Não é “só mais um”
Este não é o primeiro e, provavelmente, não será o último escândalo envolvendo o Facebook, seus algoritmos ou práticas empresariais. Porém, esse “Os Arquivos do Facebook” têm algumas diferenças fundamentais com outros escândalos envolvendo a rede, como o caso Cambridge Analytica.
A maior e principal delas é que, dessa vez, as práticas foram lideradas pelo próprio Facebook, não por uma empresa que usou os algoritmos do site para coleta de dados e disseminação de discurso de ódio.
A divulgação dos dados comprova que celebridades como Neymar e Donald Trump tinham “carta branca” para violar as políticas de moderação de conteúdo da rede, e que o Instagram é prejudicial à saúde mental de adolescentes. Mas, mais do que isso, o Facebook sabia de tudo.
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Ou seja, o que torna “Os Arquivos do Facebook” mais graves do que a Cambridge Analytica é o fato de não ser mais um terceiro se aproveitando do Facebook para alcançar interesses escusos, mas do próprio Facebook tendo interesses escusos, como uma limpeza de imagem pública, por exemplo.
Por conta de sua amplitude e seriedade a série de reportagens ganhou a atenção de políticos, com membros do Congresso dos Estados Unidos anunciando o início de uma investigação. Porém, como tudo na política institucional, as coisas devem demorar um pouco para andar.
Via: The Verge
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