Mulheres grávidas expostas à poluição do ar têm mais risco de desenvolver diabetes mellitus gestacional. Isso é o que aponta um estudo conduzido pela Universidade da Califórnia, e publicado na edição de setembro da revista Environment International.
Normalmente, a diabetes gestacional está associada a um maior risco de problemas de saúde de curto e longo prazo, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Além disso, mães que desenvolvem esse quadro podem ter maior risco de parto prematuro, e seus filhos podem ter mais chances de terem autismo infantil e obesidade adulta.
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Embora a causa do diabetes gestacional não seja clara, pesquisas anteriores apontaram a história familiar, a idade e a obesidade como fatores de risco comuns.
No entanto, segundo o recente estudo, fatores ambientais também podem desempenhar um papel muito maior do que se pensava anteriormente na saúde da mulher grávida, especialmente em relação à diabetes gestacional.
“Há um interesse crescente em compreender o papel potencial dos fatores ambientais no desencadeamento da diabetes gestacional”, declarou Jun Wu, PhD, professor de saúde ambiental e ocupacional no Programa UCI em Saúde Pública e autor correspondente do estudo.
Segundo Wu, “descobertas limitadas têm associado a exposição à poluição do ar com o risco; no entanto, nenhum estudo anterior explorou sistematicamente os efeitos conjuntos de misturas complexas de poluição do ar sobre a condição”.
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Foram utilizadas informações de registros de saúde eletrônicos em nível individual de um banco de dados da Kaiser Permanente de quase 396 mil gestações de 2008 a 2018 para determinar os efeitos da exposição a misturas de poluentes do ar.
De posse dos dados, os pesquisadores realizaram uma análise estatística das concentrações médias mensais de partículas finas e poluentes gasosos do ar. Os resultados mostraram que as exposições ao dióxido de nitrogênio e partículas em suspensão foram associadas a um risco aumentado de diabetes gestacional.
Segundo o MedicalXpress, a equipe também descobriu que as mães hispânicas e com sobrepeso ou obesas apresentaram um risco desproporcionalmente maior de desenvolver a doença.
Para reduzir as chances de diabetes gestacional, especialmente entre grupos demográficos de risco no sul da Califórnia, onde foi feita a pesquisa, são necessários regulamentos mais rígidos de qualidade do ar, uso de filtros e purificadores de ar, rastreamento precoce do diabetes gestacional e estilos de vida saudáveis.
“Os resultados do estudo irão preencher lacunas críticas na literatura e ajudar a resolver algumas das inconsistências nos achados epidemiológicos sobre as causas do diabetes gestacional”, disse Wu. “Estudos futuros são necessários para examinar os efeitos conjuntos de vários estressores, incluindo fatores ambientais e sociais, sobre esse e outros resultados adversos da gravidez, e estudar outras regiões onde os níveis de poluentes atmosféricos e composições diferem do estudo atual”.
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