IPCA tem aceleração em julho e produtos agrícolas disparam; confira análise de Miguel Daoud


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do país, teve aceleração de 0,96% em julho, sendo essa a maior taxa para o mês desde 2002 e também o maior resultado desde dezembro de 2020. Com o aumento da inflação, muitos alimentos têm apresentado altas significativas, como o tomate, as carnes e o leite. O preço do café, por exemplo, deve subir até 40% nos supermercados em setembro, segundo projeção da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) — o maior aumento já observado há pelo menos 25 anos.

O comentarista Miguel Daoud lembra que a inflação é a diferença entre oferta e demanda, considerando que a economia é a ciência da escassez. “A inflação que estamos vivendo no Brasil não é decorrente da demanda — as pessoas não estão com dinheiro no bolso e comprando de modo a pressionar a disponibilidade de produto. A inflação no Brasil decorre em função da oferta”, ele diz. “O exemplo do café ocorre porque há uma pressão sobre a oferta, como os eventos climáticos, diminuindo a disponibilidade do produto no mercado interno”, explica.

Em relação à demanda, Daoud observa que a desvalorização do real ante o dólar tornou os produtos mais baratos no mercado internacional. “O mercado externo está comprando mais, o que gera falta de produtos e consequentemente um preço maior”, afirma, pontuando que no mercado interno, ocorre a elevação de preços e o consumidor tem dificuldade para acompanhar a alta.

O comentarista aponta que, em função da inflação, o governo adota a medida de elevar a taxa básica de juros (Selic). “Só que esse ‘remédio’ só é bom para a inflação quando você tem uma demanda muito grande, pois estimula as pessoas a consumir”, acrescenta. Segundo ele, a tendência é que o real se desvalorize ainda mais em relação ao dólar. “Vai subir porque os EUA vão aumentar a taxa de juros”, prevê Daoud.

“Como combater esse tipo de inflação? Aumentando a oferta. Como aumentar a oferta? Garantindo a produção, dando segurança ao produtor rural”, sugere Daoud.

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