EUA deve exportar um milhão de toneladas a mais do que o previsto


O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) divulgou nesta sexta-feira, 10, o relatório de oferta e demanda mundial de grãos. O Projeto Soja Brasil, que completa dez safras neste ano, acompanhou de perto os índices e trouxe as análises do sócio-diretor da Agrinvest Commodities, Marcos Araújo.

Em relação à soja, ele destaca um aumento da produtividade em comparação com o relatório de agosto. “O USDA divulgou uma produtividade americana de 56,7 sacas por hectare contra 56,04 do mês passado. Isso repercutiu em uma produção a mais de 960 mil toneladas, totalizando 119 milhões de toneladas de soja a serem produzidas nos Estados Unidos nesta temporada”, detalha.

Segundo Araújo, os resultados do documento vieram dentro do esperado para os Estados Unidos. “Acreditamos que o relatório foi otimista, uma vez que o USDA está prevendo o aumento das exportações norte-americanas em torno de um milhão de toneladas. Em função do problema dos Estados Unidos pelo furacão [Ida] e da competitividade da soja brasileira a partir de janeiro, acreditamos que a exportação americana será menor e, consequentemente, um estoque de soja na temporada 2021/2022 também maior do que o USDA prevê. Por isso, em um curto prazo, não estamos convencidos dessa alta de Chicago”, explica.

Já para o Brasil, o analista afirma que não houveram alterações nas previsões do departamento norte-americano, mantendo a produção recorde de 144 milhões de toneladas. “Já para a Argentina, produção também inalterada, com estimativa de produção de soja em 52 milhões de toneladas. Lembrando que ainda nem começamos o plantio dessa temporada 2021/2022.”

Preços futuros

Quanto aos preços futuros, Araújo aponta que a a avaliação em curto prazo depende de um ingrediente novo: a retomada com maior força das compras chinesas. “Nossos números indicam que a China precisa comprar 22 milhões de toneladas até janeiro de 2022 para atender a sua demanda. Geralmente, nessa época do ano, a China concentra as suas compras nos Estados Unidos em função da colheira norte-americana”, afirma.

Para o Brasil em curto e médio prazo, o especialista vê um esfriamento do ritmo das exportações com um mercado mais fraco. A suinocultura na China está sofrendo muito, as indústrias esmagadoras estão com margem próximas a zero, alguns vencimentos com margem negativa. Neste momento, nesta safra que nós colhemos no Brasil e acaba em dezembro, o risco de desabastecimento de soja e milho para o país ficou para trás. Então, agora estamos muito mais dependentes de uma alta consistente do dólar e também, eventualmente, dos prêmios”, considera.

 

 

VerMatéria Original