Com a instabilidade política gerada pelas discussões entre o presidente Jair Bolsonaro com os demais poderes, a economia acabou sendo diretamente impactada. No entanto, com um certo “recuo” na retórica dada pelo presidente, há quem diga que os efeitos econômicos dessa crise podem ser prontamente revertidos, assim como espera o próprio ministro Paulo Guedes.
Em contrapartida, muitos dos resultados gerados pela crise política na economia podem não ser tão simples de serem solucionados, dado a gravidade e o clima de conflito intenso que se deve, principalmente após as manifestações e declarações do dia 7 de setembro.
As consequências foram vistas logo de imediato, já que no dia 8 de setembro, o real teve o pior desempenho entre moedas na paridade com o dólar naquele dia, frente a uma queda intensa da bolsa de valores. Mas além do afastamento de investidores do país, o brasileiro pôde sentir os impactos diretamente no bolso, já que o episódio também trouxe um encarecimento de combustíveis, assim como dos alimentos.
Somado a isso, as perspectivas sobre a curva de juros é de uma alta mais intensa para 2022 após os acontecimentos de crise, frente ao cenário e estimativa da economia que já se tinha anteriormente. Não obstante, o Brasil também passa por uma crise fiscal, energética e sanitária como agravantes. Até mesmo o abastecimento acabou sendo comprometido, devido a paralisação dos caminhoneiros.
Já em relação às soluções, o governo e o Congresso patinam na estagnação. Sendo assim, o governo e sua equipe econômica ainda não apontaram uma solução para viabilizar o Orçamento de 2022 que, atualmente, é um dos maiores focos da incerteza do governo.
Problemas enfrentados pela economia do país
Além dos problemas enfrentados pela economia, existem ainda outras incertezas que vigoram a respeito dos planos futuros do governo. Nesse sentido, ninguém sabe ainda qual será o real valor do Auxílio Brasil, sucessor do Bolsa Família, e quanto dos R$ 89,1 bilhões em dívidas judiciais (precatórios) será pago de fato no ano que vem.
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Dessa maneira, sem ter certeza das contas, os investidores tornam fator de risco investir seu dinheiro no país. Isso coloca em alta os juros futuros do país, e consequentemente, um juro elevado esfria a economia e prejudica o crédito e a volta dos empregos do país, o que acaba se tornando um “efeito bola de neve” difícil de conter.
Além disso, a incerteza também se reflete no dólar. Após as manifestações de 7 de setembro, a moeda americana chegou a valer R$ 5,32. Logo após, foi abaixo de R$ 5,20, quando foi divulgada a carta de declaração mais amistosa de Bolsonaro. Porém, na sexta-feira, o câmbio voltou a subir e fechou em R$ 5,26.
Uma das consequências da subida do dólar é o aumento da inflação. A esse movimento, o presidente da Câmara, Arthur Liraf (PP-AL) denominou “looping negativo”. Na sexta-feira, o próprio Bolsonaro admitiu que suas falas vinham tendo efeito no câmbio. “Se o dólar dispara, influencia o combustível“, disse o presidente.
País em queda livre
Com as seguidas revisões das projeções para cerca de 1,5%, os economistas já alertam para a possibilidade de queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. E, seguindo essa previsão, aceleram as estimativas para o aumento da inflação, o que pode forçar o Banco Central a pesar a mão nos juros do país, afetando ainda mais a economia.
Para o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, a incerteza fiscal com o que pode sair da votação do Orçamento vai direto para o juro futuro. isso afeta as condições de financiamento das empresas e a perspectiva de crescimento das mesmas e da economia. Megale ressalta ainda que as empresas, quando vão chegando as eleições, naturalmente pisam no freio. O problema, no entanto, é que esse movimento chegou bem antes.