‘Há dúvidas quanto à produtividade americana de soja’, aponta especialista


Sustentados pela valorização do dólar, os preços da soja no mercado interno encerraram o mês passado com firmeza. Em Chicago, o período foi de valorização. Quem projeta como deve ficar esse cenário em agosto e nos próximos meses é o analista Luiz Fernando Roque:

“O clima continua sendo um fator fundamental para o mercado de Chicago até a colheita americana, em meados de setembro. O mercado foi surpreendido pelo anúncio de melhor nas condições das lavouras americanas, enquanto esperava uma nova queda. Mas a verdade é que o clima não melhorou: a meteorologia continua apontando para um clima seco e quente, principalmente na metade norte das regiões produtoras, onde os produtores estão sofrendo mais as consequências do clima pouco úmido. A gente tem dúvidas quanto à produtividade média americana em função disso.”

Coronavírus

“Por enquanto, apesar das notícias em relação à variante Delta do novo coronavírus, com possíveis lockdowns, as preocupações continuam sendo mais financeiras. Isso incomoda o mercado, deixa o mercado financeiro nervoso e impacta a Bolsa de Chicago. Mas, fundamentalmente, não muda mito, por enquanto. É uma preocupação pequena, pesa mais para o lado financeiro, podendo trazer uma volatilidade maior.”

Dólar

“O dólar é uma variável muito difícil de prever. A gente tem vários fatores internos e externos brigando uns contra os outros, mas acho que a gente pode trabalhar com o dólar a R$ 5,20 nos próximos meses, eventualmente um pouquinho mais fraco ou mais forte, até por conta de questões políticas e da variante Delta, mas eu diria que mesmo que volta a R$ 5, digamos, ainda assim teremos um dólar valorizado que é favorável para as vendas externas.”

China

“Na medida em que a gente vai se aproximando da colheita americana, a soja brasileira acaba perdendo competitividade porque os prêmios brasileiros acabam superando os prêmios americanos. Mas a China continua comprando a soja brasileira. É normal que a gente veja, agora, uma mudança no foco da China para a soja norte-americana, justamente pela entrada de safra, com uma soja um pouco mais barata. Mas a gente deve continuar exportando bem, inclusive num trimestre com exportações maiores do que no ano passado, quando faltou soja no Brasil.”

 

 

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