Um estudo publicado na Environmental Research Letters nesta quinta-feira (9) aponta que a qualidade do ar dentro de um escritório pode ter impactos significativos na função cognitiva dos funcionários, incluindo tempos de resposta e capacidade de foco. Além disso, também pode afetar sua produtividade. A pesquisa foi conduzida pela Escola de Saúde Pública TH Chan de Harvard.
Durante um ano, foram analisados 300 funcionários de escritórios em cidades de seis países (China, Índia, México, Tailândia, Reino Unido e EUA), trabalhando em uma variedade de campos, como engenharia, investimento imobiliário, arquitetura e tecnologia.
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Por meio de uma série de testes cognitivos, os pesquisadores descobriram que concentrações aumentadas de partículas finas (PM2,5) e taxas de ventilação mais baixas (medidas usando níveis de dióxido de carbono – CO2 – como proxy) foram associados a tempos de resposta mais lentos e redução da precisão.
“Nosso estudo aumenta as evidências emergentes de que a poluição do ar tem um impacto em nosso cérebro. Os resultados mostram que aumentos nos níveis de PM2.5 foram associados a reduções agudas na função cognitiva. É a primeira vez que vemos esses efeitos de curto prazo entre os adultos jovens”, disse Jose Guillermo Cedeño Laurent, pesquisador do Departamento de Saúde Ambiental e principal autor do estudo.
“O estudo também confirmou como as baixas taxas de ventilação impactam negativamente a função cognitiva. No geral, nossa pesquisa sugere que a má qualidade do ar interno afeta a saúde e a produtividade significativamente mais do que entendíamos anteriormente”, completou.
Embora seja bem conhecido que os poluentes do ar, como PM2.5, podem penetrar em ambientes internos, poucos estudos anteriores se concentraram em como as exposições internas a PM2,5 e as taxas de ventilação do ar externo afetam a cognição.
Cedeño-Laurent notou que essa é uma área de pesquisa particularmente importante, dada a alta porcentagem de tempo que as pessoas passam em ambientes fechados, especialmente os trabalhadores de escritório.
Como o estudo sobre a qualidade do ar dos escritórios foi realizado
Todos os 300 participantes tinham entre 18 e 65 anos, trabalhavam pelo menos três dias por semana em um prédio empresarial e tinham uma estação de trabalho permanente dentro do escritório.
De acordo com o Eurekalert, os pesquisadores informaram que a área de trabalho de cada participante foi equipada com um sensor ambiental para monitorar, em tempo real, as concentrações de PM2,5 e CO2, bem como a temperatura e a umidade relativa.
Além disso, cada participante tinha um aplicativo de design personalizado em seus telefones, por meio do qual testes cognitivos e pesquisas podiam ser administrados.
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Eles foram solicitados a participar de testes e pesquisas em horários pré-programados ou quando os sensores ambientais detectaram níveis de PM2,5 e CO2 que caíram ou excederam certos limites.
Dois tipos de testes foram administrados. Um deles exigia que os funcionários identificassem corretamente a cor das palavras exibidas e foi usado para avaliar a velocidade cognitiva e o controle inibitório – a capacidade de focar em estímulos relevantes quando estímulos irrelevantes também estão presentes.
Já o segundo teste consistia em questões aritméticas básicas e era usado para avaliar a velocidade cognitiva e a memória de trabalho.
O estudo descobriu que os tempos de resposta no teste baseado em cores eram mais lentos à medida que os níveis de PM2,5 e CO2 aumentavam. Também foi detectado que a precisão no teste baseado em cores foi afetada pelos níveis de PM2,5 e CO2.
Para o teste baseado em aritmética, o estudo descobriu que aumentos de CO2, mas não de PM2,5, estavam associados a tempos de resposta mais lentos. Conforme as concentrações de ambos os poluentes aumentaram, no entanto, os participantes responderam menos perguntas corretamente no tempo de teste designado.
“O mundo está corretamente focado na Covid-19, e estratégias como melhor ventilação e filtração são fundamentais para desacelerar a transmissão de doenças infecciosas em ambientes fechados”, disse Joseph Allen, professor associado de avaliação científica da exposição e autor sênior do estudo.
“Nossa pesquisa constata de forma consistente que a proposição de valor dessas estratégias se estende à função cognitiva e à produtividade dos trabalhadores, tornando edifícios saudáveis fundamentais para a saúde pública e estratégias de negócios no futuro”, afirmou.
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