Mutações explicam câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram


Uma análise do câncer de pulmão em pessoas sem histórico de tabagismo descobriu que a maioria desses tumores surge do acúmulo de mutações causadas por processos naturais no corpo. O estudo descreve pela primeira vez três subtipos moleculares de câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram. Além disso, ajuda a desvendar o mistério de como a doença surge em pessoas que não fumam.

“O que estamos vendo é que existem diferentes subtipos de câncer de pulmão em nunca fumantes que têm características moleculares e processos evolutivos distintos”, disse a epidemiologista Maria Teresa Landi, que liderou o estudo, que foi feito em colaboração com pesquisadores do National Institute of Environmental Health Sciences.

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O câncer de pulmão é a principal causa de mortes relacionadas ao câncer em todo o mundo. Todos os anos, mais de 2 milhões de pessoas são diagnosticadas com a doença. A maioria das pessoas que desenvolve câncer de pulmão tem histórico de tabagismo, mas 10% a 20% das pessoas que desenvolvem câncer de pulmão nunca fumaram. 

O câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram ocorre com mais frequência em mulheres e em uma idade mais precoce do que o câncer de pulmão em fumantes.Fatores de risco ambientais, como exposição à fumaça de tabaco passivo, radônio, poluição do ar e amianto, ou ter tido doenças pulmonares anteriores, podem explicar alguns tipos de câncer de pulmão entre os que nunca fumaram, mas os cientistas ainda não sabem o que causa a maioria desses cânceres .

A equipe usou o sequenciamento do genoma inteiro para caracterizar as mudanças genômicas no tecido tumoral e no tecido normal combinado de 232 de pessoas não fumantes. Os tumores incluíram 189 adenocarcinomas (o tipo mais comum de câncer de pulmão), 36 carcinoides e sete outros tumores de vários tipos. 

tabagismo
fongbeerredhot – Shutterstock

Os pesquisadores encontraram os genomas do tumor em busca de assinaturas mutacionais, ou seja, que são padrões de mutações associadas a processos mutacionais específicos, como danos causados ​​por atividades naturais no corpo ou da exposição a carcinógenos. Inclusive, as assinaturas agem como um arquivo de atividades tumorais que levaram ao acúmulo de mutações, fornecendo pistas sobre o que causou o desenvolvimento do câncer. 

O estudo foi limitado a não fumantes e os pesquisadores não encontraram nenhuma assinatura mutacional que tenha sido previamente associada à exposição direta ao tabagismo. Ademais, também não encontraram essas assinaturas entre os 62 pacientes que foram expostos ao fumo passivo do tabaco. Por outro lado, o Dr. Landi advertiu que o tamanho da amostra era pequeno e o nível de exposição altamente variável.

“Precisamos de uma amostra maior com informações detalhadas sobre a exposição para realmente estudar o impacto do tabagismo passivo no desenvolvimento de câncer de pulmão em nunca fumantes”, disse o Dr. Landi.

As análises também revelaram três novos subtipos de câncer de pulmão em pessoas não fumantes, aos quais os pesquisadores atribuíram nomes musicais com base no nível de “ruído” (isto é, o número de alterações genômicas) nos tumores. 

O subtipo predominante “piano” teve o menor número de mutações, em que parecia estar associado à ativação de células progenitoras, que estão envolvidas na criação de novas células. Este subtipo de tumor cresce extremamente lentamente, ao longo de muitos anos, e é difícil de tratar porque pode ter muitas mutações condutoras diferentes.

 O subtipo “mezzo-forte” apresentou alterações cromossômicas específicas, bem como mutações no gene do receptor do fator de crescimento que é comumente alterado no câncer de pulmão e exibiu um crescimento tumoral mais rápido. Já o subtipo “forte” exibiu duplicação do genoma inteiro, uma alteração genômica que é freqüentemente vista em cânceres de pulmão em fumantes. 

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“Estamos começando a distinguir subtipos que podem ter abordagens diferentes para prevenção e tratamento“, disse o Dr. Landi. Uma direção futura da pesquisa será estudar pessoas de diferentes origens étnicas e localizações geográficas, e cuja história de exposição a fatores de risco de câncer de pulmão está bem nítida. “Estamos no início do entendimento de como esses tumores evoluem. Esta análise mostra que há heterogeneidade, ou diversidade, nos cânceres de pulmão em nunca fumantes”, concluiu Landi.

Fonte: Medical Xpress

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