Uma querela entre o governo de São Paulo e o Ministério da Saúde vem comprometendo, nas últimas semanas, o esquema de vacinação com a AstraZeneca no estado — em última instância, podendo até interromper a aplicação da segunda dose do imunizante na população.
Na última quinta-feira (9), quase todos os postos de saúde na capital paulista ficaram sem doses da vacina produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). A prefeitura de São Paulo afirma ter solicitado novas doses ao governo estadual, mas este disse ter recebido a remessa prevista.
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Diante do impasse, a gestão João Doria (PSDB) atribuiu o desabastecimento ao Ministério da Saúde, que deixou de enviar cerca de um milhão de doses da vacina para São Paulo.
O governo federal, porém, nega estar em débito e afirma que a Secretaria de Saúde de São Paulo utilizou vacinas destinadas à segunda dose como primeira — e, por conta disso, a falta de doses do imunizante.
“Até o momento, foram entregues ao estado 12,4 milhões de dose 1 e 9,2 milhões de dose 2 da AstraZeneca. As 2,8 milhões de doses não foram enviados porque o prazo de intervalo entre a primeira e segunda dose só se dará no final do mês. Dados inseridos por São Paulo no Localiza SUS mostram que o estado utilizou como primeira dose vacinas destinadas à dose dois. O estado aplicou 13,99 milhões de doses 1 e 6,67 milhões de dose 2”, afirmou o ministério.
SP poderá aplicar Pfizer como segunda dose
Em entrevista ao UOL, o secretário-executivo de Saúde de São Paulo, Eduardo Ribeiro, explicou que o estado possui um calendário de vacinação próprio, baseado nas especificidades de cada município. Segundo Ribeiro, o cronograma é definido de acordo com as remessas do governo federal.
“O ponto de referência para definir o avanço da vacinação de primeira ou segunda dose é com base na informação oficial do Ministério da Saúde. Nós, então, programamos a vacinação considerando aquela quantidade. No mês seguinte, ele [o governo federal] corta 30% da perspectiva dos meses futuros, forçando os gestores a recalibrar. Neste momento [com a vacina da AstraZeneca], a queda foi de tal envergadura que não permitiu ao estado redirecionar a tempo. As doses são encaminhadas progressivamente, ninguém ‘guarda’ dose”, explicou o executivo.
Por conta dos problemas com a AstraZeneca, a Secretaria de Saúde de São Paulo solicitou ao governo federal que pudesse utilizar a Pfizer como segunda dose no esquema de vacinação. Na noite da sexta-feira (10), o governo oficializou a medida.
Ou seja, a partir da semana que vem, a população do estado de São Paulo poderá tomar a 2ª dose contra a Covid-19 com a vacina da Pfizer. Isso, no entanto, será válido apenas para pessoas que estão com a dose da Astrazeneca atrasada entre os dias 1º e 15 de setembro.
SP ainda aguarda remessas imediatas da AstraZeneca
O governo de São Paulo, por sua vez, ainda aguarda solucionar as pendências da AstraZeneca. “Fizemos um grande movimento no dia de hoje [sexta-feira], remanejamos nossos estoques e disponibilizamos todas as doses da Pfizer existentes para amenizar a situação”, disse a coordenadora do PEI (Plano Estadual de Imunização), Regiane de Paula.
“Aguardamos o envio imediato de mais imunizantes da AstraZeneca ou mais doses da Pfizer para que possamos vacinar a totalidade da população que aguarda a segunda dose”, ressaltou.
Sobre o fato de a Pfizer ser aceita como segunda aplicação, o Ministério da Saúde não teceu comentários. A pasta apenas afirmou ter entregado a São Paulo 12,9 milhões de doses: 9,5 milhões para a aplicação da primeira e 3,3 milhões para a segunda.
“As 6,2 milhões de doses não foram enviadas porque o prazo de intervalo entre a primeira e segunda dose só se dará no início de outubro”, completou, em nota.
Fonte: UOL
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