“O Facebook sumiu da internet”, diz especialista sobre queda


Um dia depois da segunda-feira de terror que vivemos após a queda generalizada dos serviços de WhatsApp, Facebook e Instagram, ainda temos muito mais perguntas do que respostas quando se trata do que pode ter acontecido com o conglomerado de Mark Zuckerberg.

A resposta oficial da empresa aponta para falhas na atualização de um serviço de BGP, que é responsável por permitir que um navegador web ou aplicativo para smartphone busquem, por exemplo, por facebook.com, instagram.com ou web.whatsapp.com.

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Queda em dois serviços

De acordo com o Diretor de Operações de T.I da GoCache CDn, Derick Berg, o que nós vimos foi um problema em dois serviços: o DNS, que é quem traduz os endereços alfabéticos em endereços IP, e o BGP, que é, basicamente, o protocolo que faz a internet funcionar de forma global.

Segundo Berg, o que fez com que tudo caísse foi a parada no funcionamento de alguns roteadores que pararam de comunicar endereços IP do Facebook. “Quando você digitava por ‘Facebook’, o DNS tentava procurar por um endereço IP com esse nome, mas ninguém respondia”, explica o especialista.

Mensagens de erro do Facebook, Instagram e WhatsApp
Segundo especialistas, era como se os serviços tivessem sumido da internet. Crédito: Reprodução

“Basicamente, o Facebook sumiu da internet e a causa raiz foi o BGP em si, mas nós não temos um detalhamento para saber se foi um erro humano ou algo além disso”, completa Berg. Mas, oficialmente, se trata de um erro humano por parte das equipes de engenharia da empresa.

Já o professor do centro de pesquisa em segurança cibernética CySource, Luli Rosenberg, propõe que imaginemos a internet como uma biblioteca. O navegador seria como uma bibliotecária, que precisa de um catálogo para saber onde cada um desses livros está na infinidade de prateleiras existentes.

“O que aconteceria caso o catálogo sumisse? O livro continuaria lá, porém estaria inacessível por falta de conhecimento de como acessá-lo”, exemplifica Rosenberg. Este “catálogo” é o BGP, e uma atualização deste serviço fez com que o Facebook caísse, levando WhatsApp e Instagram junto.

Demora na volta

Instabilidades e paralisações em serviços online não são tão incomuns, porém, a resolução costuma ser relativamente rápida. Nesta segunda-feira, no entanto, as coisas não saíram como o planejado e WhatsApp, Facebook e Instagram ficaram quase sete horas fora do ar.

De acordo com Rosenberg, a demora no restabelecimento dos serviços se deu porque uma parte considerável dos funcionários da empresa ainda estão trabalhando remotamente. Além disso, mesmo quem estava nas instalações da empresa encontrou alguma dificuldade para trabalhar.

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Isso aconteceu porque as ferramentas de comunicação interna da empresa, como o Workplace, e até mesmo o sistema de controle de acesso pelos crachás também ficaram comprometidos, já que todos estão vinculados aos domínios da empresa, que inacessíveis da empresa.

Mesmo com os avanços da tecnologia, até mesmo empresas do porte do Facebook ainda são muito dependentes de seus recursos humanos. “Qualquer empresa está sujeita a esse tipo de acontecimento, mas a ‘pecinha humana’ sempre pode causar um certo dano”, diz Berg.

Pode ter sido outra coisa?

Facebook observado por um hacker
Para especialistas, possibilidade de um ataque hacker contra o Facebook é “bastante remota” (TY Lim/Shutterstock)

Para o Diretor de Operações de T.I da GoCache CDn, apesar de a resposta da empresa para as falhas não terem entrado em pormenores técnicos de qual foi a real falha no protocolo BGP que tirou a empresa do ar, a possibilidade de que esse não seja o problema real é bastante remota.

Luli Rosenberg também acredita que as chances de um ataque hacker são muito pequenas, e elenca alguns fatores para defender essa posição. Entre eles, estão a velocidade da restauração dos serviços e o fato de nenhum grupo ter reivindicado o ataque, uma prática que é comum em invasões.

“As buscas de nossa equipe de inteligência e detecção de ameaças não apresentaram informações suficientemente sólidas para embasar essa teoria”, disse Rosenberg sobre a possibilidade de um ataque hacker ter ocasionado a queda.

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