Quem já disse ou ouviu a frase “com a mesma criação, mas tão diferentes” vai entender a partir de agora o motivo de muitos irmãos serem tão diferentes. Um estudo feito por pesquisadores das universidades de Bath e Southampton descobriu que a resposta está na diferença das estruturas cerebrais dos membros da família, que interfere diretamente nas tomadas de decisões de cada um.
Não é de agora que psicólogos e neurocientistas se perguntam por que irmãos com a mesma criação e composição genética podem diferir tão significativamente em termos de comportamento: como alguns jovens, por exemplo, que crescem em famílias com comportamento antissocial ou criminoso e conseguem ficar longe de problemas.
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“Nosso estudo teve como objetivo compreender as causas do transtorno de conduta, especificamente o que faz os membros da mesma família diferirem em seu comportamento antissocial e se existem marcadores de risco genético para transtorno de conduta em o cérebro”, disse o Dr. Graeme Fairchild, do Departamento de Psicologia da Universidade de Bath.
O estudo, publicado na revista Psychological Medicine, investigou diferentes membros da mesma família – alguns com transtorno de conduta de condição de saúde mental e alguns sem problemas de comportamento.
O transtorno de conduta é caracterizado por padrões repetitivos de comportamento agressivo e antissocial. A condição tem uma taxa de prevalência de cerca de 5% entre os jovens de 5 a 16 anos. Uma pesquisa de 2004 revelou que quase 40% das crianças que sofreram abusos ou estavam em registro de salvaguarda (tipo de medida de proteção à criança), teve transtorno de conduta. Contudo, o conhecimento geral da condição é baixo e não é reconhecido ou identificado por psicólogos ou psiquiatras.
Por que tão diferentes?
Segundo publicação do Medial Xpress, o resultado apontou que os irmãos com transtorno de conduta exibiam diferenças estruturais no cérebro – em uma parte do cérebro chamada córtex parietal inferior. As mudanças observadas no grupo afetado foram encontradas em regiões do cérebro responsáveis pela empatia, controle cognitivo e comportamento inibidor, ações alteradas que não foram encontradas nos irmãos não afetados.
Contudo, nos irmãos não afetados os pesquisadores notaram mudanças no córtex pré-frontal, uma área do cérebro envolvida no planejamento e na tomada de decisões que explica por que eles não desenvolvem o comportamento antissocial ou criminoso, apesar de crescerem com qualquer um dos ambientes ou com fatores de risco genéticos para o transtorno de conduta.
No entanto, em pesquisas anteriores da mesma equipe, para ambos os grupos – afetados ou não – uma dificuldade em reconhecer expressões faciais emocionais foi observada.
“Este é um dos primeiros estudos familiares de transtorno de conduta e confirma que o cérebro é importante para distinguir entre membros da mesma família que estão em maior risco de desenvolver comportamento antissocial ou criminoso”, explicou Fairchild.
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“Curiosamente, embora nosso trabalho anterior tenha mostrado deficiências comuns entre irmãos afetados e não afetados no reconhecimento de expressões faciais, este estudo sugere que as principais diferenças comportamentais podem ser determinadas por pequenas mudanças na parte do cérebro responsável pelo funcionamento executivo ou pela tomada de decisões. Essas diferenças podem tornar alguns irmãos mais propensos a comportamentos de risco e agora deve ser um foco de estudo futuro”, afirmou o pesquisador.
Para a equipe, o estudo poderá ajudar a identificar e orientar em diagnósticos precoces nos irmãos com sinais de transtorno de conduta a fim de indicar ao jovem um tratamento o mais cedo possível.
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