Abertura Nacional do Plantio de Soja exalta produtor e sustentabilidade do grão


É inegável: a Abertura Nacional do Plantio de Soja marca, de fato, o início do ciclo da principal commodity nacional. Uma verdadeira celebração em torno do grão que elevou o agronegócio brasileiro ao protagonismo global.

plantadeira soja - Campos Novos

Foto: Andrey Perini/ DZN Publicidade

O evento ocorreu nesta quinta-feira, 30, em Campos Novos, Santa Catarina, e foi transmitido ao vivo pela TV, site e mídias sociais do Canal Rural, maior plataforma de conteúdo sobre agronegócio que, em novembro, completa 25 anos.

Como já é tradição há dez anos, o enfileiramento das plantadeiras para a largada oficial da semeadura foi o momento mais esperado, mas, não por isso, as palestras sobre Cooperativismo, Mercado, Sustentabilidade e Reforma Tributária com os maiores especialistas da cadeia do grão do país foi relegada.

Primeiro a falar, o presidente da Aprosoja-SC e proprietário da fazenda São João, Alexandre Di Domenico, que sediou a abertura oficial do plantio, destacou que o produtor brasileiro é o maior preservacionista que existe.

Presidente da Aprosoja-SC, Alexandre Di Domenico

“Nós, produtores, trabalhamos com excelência, com o compromisso de alimentar o mundo e, acima de tudo, preservar a natureza. O produtor brasileiro é um dos que mais preserva. Prova disso é que desde a década de 1970 adotamos a sustentabilidade em nosso dia a dia e naquela época já cuidávamos das matas, das nascentes dos rios e de muito mais. Hoje estamos colhendo os frutos desse trabalho, sendo reconhecidos como o maior produtor e exportador de soja do mundo. O homem do campo, que antes trabalhava incansavelmente depois da porteira, agora consegue trabalhar por fora dela. Hoje, o agro é a mola precursora desse país e eu só tenho a agradecer aos produtores e a quem nos apoia”, afirmou.

Já o presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, lembrou que o estado de Santa Catarina não é um dos grandes produtores do grão, estando em 12º lugar entre os maiores do país, mas é um dos maiores consumidores pela liderança na criação de suínos e aves, demandando altos níveis de farelo para a produção de ração.

Presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan

O prefeito de Campos Novos, Silvio Zancanaro, por sua vez, exaltou a grandeza da Abertura Nacional do Plantio. “O evento traz a grande representatividade de nosso município e estado. O agronegócio é a força motriz que gira a economia do país. Os produtores brasileiros operam com tecnologia avançada e agem de forma sustentável para alimentar o nosso país e o mundo. O Poder Público precisa ajudar e contribuir, jamais atrapalhar”, sintetizou.

Prefeito de Campos Novos (SC), Silvio Zancanaro

Informação como ativo do agronegócio

Para o presidente do Canal Rural, Júlio Cargnino, destacou que levar informação técnica, conhecimento e ajudar o produtor rural todos os dias é a missão do Projeto Soja Brasil, que este ano completa dez safras de existência. “O projeto foi fundamental para transmitir informação de qualidade ao produtor para que ele entendesse, por exemplo, como manejar e combater a lagarta helicoverpa, praga que há dez anos dava a impressão de que ia destruir todas as lavouras de soja do país. Então, com informação de campo, experiências de pesquisa e com os eventos, conseguimos auxiliar diretamente o agricultor”, afirmou.

Segundo ele, o evento foi ainda mais especial pela possibilidade de realização de um evento presencial, algo que desde o início da pandemia não ocorria. Para elevar os cuidados sanitários, a organização do evento, encabeçada pelo Canal Rural e pela Aprosoja Brasil, prezaram pelo número limitado de presentes, o que não impediu que milhares de pessoas acompanhassem o evento em tempo real pela cobertura multiplataforma realizada pelo veículo.

Presidente do Canal Rural, Júlio Cargnino

“Esse evento mostra a força das lideranças da soja no Brasil. São dez anos de uma grande coalizão em prol da soja, que nasceu de um esforço da Aprosoja e Embrapa Soja e, junto com o Canal Rural, está em todos os lugares do país. Nos unimos com o propósito de levar informação, conhecimento e ajudar o produtor nas reflexões do dia a dia”, explica. “Este ano, o tema sustentabilidade, que já era tão pautado por nós, ficou ainda mais importante. O Brasil já é muito forte neste assunto, mas temos muito mais para avançar. Essa abertura de plantio, por exemplo, é realizada por meio do plantio direto, sistema que torna o Brasil um dos mais sustentáveis do mundo”, completa Cargnino.

Projeto estratégico

Para o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, o Projeto Soja Brasil é estratégico para o sistema de produção de soja no país. “É uma iniciativa de comunicação e transferência de tecnologia para debater problemas, soluções e trazer agregação de valor para a cadeia produtiva de soja no Brasil. É um projeto que tem tido tremendo sucesso ao longo dos anos e que, apesar de a comunicação ser o principal eixo, também organiza a abertura e encerramento da safra e as expedições em diferentes fases de produção do grão em todo o país para que todo o setor produtivo possa acompanhar o que está acontecendo a nível de Brasil e entender os problemas de uma região em relação a outra e as soluções trazidas por cada uma delas”, enfatiza.

plantadeira soja - SC

Para ele, outro mérito do projeto é priorizar os produtores de soja, que são a parte mais importante de todo o sistema. “Se o produtor não estiver bem informado, usando as últimas tecnologias e ciente de questões de curto, médio e longo prazo, não consegue usar todo o seu potencial. É isso o que garante o que nós somos hoje, uma potência no agronegócio onde a soja é o carro chefe”, sinterizou.

Outro a falar na Abertura Nacional do Plantio foi Marcos Gaia, diretor de Operações da Ihara, patrocinadora do Projeto Soja Brasil há cinco anos. “A soja é uma cultura estratégica para a Ihara. Uma das premissas da empresa é fomentar discussões que sejam essenciais para o produtor rural. Afinal, agricultura é a nossa vida. Sabemos dos desafios do agronegócio brasileiro, como o clima que, ao que tudo indica, será mais favorável nesta próxima safra. Nossa produção este ano vai ser recorde e reconhecida mundialmente”, comentou. “Tudo o que está da porteira para dentro, a Ihara pode ajudar. Temos uma série de alianças com instituições de pesquisas para auxiliar o produtor em toda a parte de herbicidas, fungicidas e inseticidas”.

Painéis em torno da soja

As discussões em alto nível da Abertura Nacional do Plantio da Soja ficaram subdivididas em quatro temas principais. No primeiro deles, de sustentabilidade, um dos participantes foi o produtor rural Lucas Almeida Chiocca, que cultiva soja na Fazenda Ipê desde 1977 e, nesta próxima safra, pretende plantar o grão em dois mil hectares. “Temos a agricultura mais sustentável do mundo, sem dúvidas. Máquinas eficientes, uso racional do fertilizante, do químico, para garantir agricultura com muita responsabilidade às futuras gerações”, enfatiza.

Abertura Nacional Plantio Soja

Da esquerda para a direita: Giovani Ferreira, diretor de Conteúdo do Canal Rural; André Debastiani, sócio-diretor da Agroconsult; e Pryscilla Paiva, apresentadora do Canal Rural

O pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi, destacou que tecnologias como o sistema de plantio direto; a fixação biológica de nitrogênio no solo; a integração lavoura-pecuária-floresta; o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas; e o desenvolvimento de cultivares mais resistentes a doenças proporcionaram aumento da produtividade da soja, o que, por si só, já é um indicador de sustentabilidade.

Debiasi ainda anunciou que Embrapa Soja trabalha na marca Baixo Carbono, um selo atribuído à toda soja produzida com o uso de boas práticas de manejo que reduzam as emissões de CO2 na atmosfera sem impactar na produtividade. “Lançaremos esse selo daqui mais ou menos dois anos. Será voluntário, ou seja, ninguém será obrigado a aderir. Envolverá um protocolo que permitirá mensurar, reportar e verificar o quanto as tecnologias empenhadas pelo produtor reduzem impactos ambientais e será certificado por organismo independente, de terceira parte”, explica.

Mercado

O analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, afirmou durante o evento que os produtores de soja estão vendo com otimismo este pontapé inicial para a semeadura da soja na safra 2021/22. “A perspectiva é de aumento de área no Brasil, que pode chegar a 40 milhões de hectares pela primeira vez – marca que atrai atenção internacional. Neste final de setembro, Chicago começa a olhar com mais atenção para a safra brasileira, deixando de lado a colheita norte-americana que deve andar sem maiores problemas”, diz.

De acordo com Gutierrez, Chicago não trabalha com perdas para o Brasil e está precificando o mercado entre US$ 12,50 a US$ 13,00 por bushel neste momento. “Para os próximos meses, Chicago não deve ter muita volatilidade”. Quanto ao câmbio, o especialista avisa que o ano eleitoral brasileiro pode trazer volatilidade, o que demanda do produtor atenção à questão cambial “porque pode ser um diferencial na hora de fechar os negócios”.

Reforma tributária

Em painel especial sobre Reforma Tributária, o diretor da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, analisou o impacto que uma reforma tributária pode ter sobre os produtores de soja. Ressaltando o retrospecto brasileiro na produção, Rosa lembrou da implementação da Lei Kandir, que entrou em vigor em 1996, exonerando de todos os tributos as exportações (inclusive estaduais), algo que diminuiu os custos para escoamento dos produtos. O diretor da Aprosoja Brasil ainda reforçou a importância do Convênio 100, que reduziu a alíquota de ICMS sobre a venda interestatual de insumos agropecuários.

Vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Cristina Reinehr

“Um povo precisa valorizar a sua história para construir seu futuro”, declarou Rosa, frizando que a reforma tributária precisa ser refletida de forma clara entre todos os envolvidos na cadeia de produção.

Cooperativismo da soja

Um dos principais painéis da Abertura Nacional do Plantio de Soja – Safra 2021/22 foi o de  cooperativismo, modelo tão presente e consolidado em Santa Catarina. Para o presidente da Coopercampos, Luiz Carlos Chiocca, não justifica para médios e pequenos produtores fazer investimentos de infraestrutura sem estar em conjunto, em uma cooperativa. “Fazemos compras juntos e em volume, com assistência técnica direcionada”, exalta.

Da esquerda para a direita: Alexandre Di Domenico, presidente da Aprosoja-SC; Lucas Almeida Chioca e Riscala Fadel Jr., produtores de soja; e, ao fundo, Rodrigo Justos, coordenador da Comissão de Meio Ambiente da CNA

De acordo com ele, esse modelo de negócio ainda representou um importante avanço histórico: a redução do êxodo rural. “Os produtores atuando juntos começaram a ser mais valorizados. Os jovens estão voltando muito capacitados para as propriedades, com cursos técnicos e superiores e entendendo que, ao serem gestores de propriedades agrícolas, terão muito mais futuro e estabilidade econômica do que sendo um empregado urbano. O cooperativismo também leva conhecimento a esse jovem para que ele possa renovar a lavoura com muito mais esperteza do que o feito no trabalho de seus pais”, frisa.

Homenagem unanime

“Um homem que dedicou a sua vida ao ser humano vizinho, às outras pessoas. Todo dia, Paludo tinha a ideia de fazer algo para melhorar a sua volta. Uma pessoa ímpar. Desde a fundação da Aprosoja-PR, da qual ele ajudou a fundar, ele foi sempre um parceiro incondicional. Ensinou o caminho do bem”, declarou José Sismeiro, vice-presidente da Aprosoja Brasil, em relação ao produtor rural e vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná (Faep), Nelson Paludo, que faleceu em julho de 2021, aos 65 anos, por complicações da Covid-19.

Família de Nelson Paludo recebe a homenagem em nome do produtor

Na Abertura Nacional do Plantio de Soja 2021/2022, a liderança rural do Paraná foi homenageada pelos serviços prestados e importância para o setor.

Confira como foi a Abertura Nacional do Plantio de Soja 2021/2022; assista!

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