A XP divulgou projeção de alta para os combustíveis, que devem continuar em um patamar alto pelos próximos meses, considerando a alta do preço do petróleo no mercado internacional, câmbio em R$ 5,20 no ano e em R$ 5,10 em 2022 e escassez de etanol, que são utilizados para reajustar preços na Petrobras.
“Projetamos leve alta de 1,7% da gasolina entre setembro e dezembro, chegando a subir 33% no ano, segundo metodologia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para o diesel, variação deve ser de 1,4% até o fim do ano, encerrando este com alta de 29% de alta. Em 2022, o preço da gasolina deve recuar 0,2%, e o do diesel 3,3%”, disse a XP, em relatório assinado pela economista Tatiana Nogueira.
A analista aponta que após um recuo de 24% em 2020, o preço do petróleo bruto no mercado internacional cresceu 40% em 2021 até agosto, refletindo a retomada econômica pós-vacinação contra a Covid-19, além de questões pontuais de oferta da commodity, como condições climáticas nos Estados Unidos.
O relatório lembra que a gasolina avançou 2,8% no IPCA de agosto, enquanto o diesel subiu 1,79%, e já acumulam altas de 31,1% e 28% no ano, respectivamente, fato que foi ressaltado pelo deputado Arthur Lira na véspera da participação do presidente da Petrobras em comissão geral na Câmara dos Deputados iria receber o presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, para discutir preços de combustíveis.
Tatiana lembra que a participação da Petrobras no valor final dos combustíveis pago pelo consumidor final, seja na bomba do posto de gasolina ou no botijão de gás, se dá na definição dos preços do produtor ou importador de combustível. Outros componentes do preço são a carga tributária, o custo do etanol (no caso da gasolina) ou biodiesel (no caso do diesel) e as margens da distribuição e revenda.
“Cabe à Petrobras a definição da primeira, referente ao preço do combustível nas refinarias. Hoje, a estatal vende a gasolina tipo “A” a R$ 2,80 por litro e R$ 2,82 o litro de diesel”, explica.
O cálculo do ajuste do preço do petróleo negociado nos mercados internacionais é feito com base tanto no preço do petróleo, quanto da variação do real (uma vez que importamos boa parte do petróleo refinado).
Por isso, apesar de iniciativas da estatal para tentar reduzir o impacto da volatilidade de preços do mercado global sobre o mercado doméstico de combustíveis, quando a defasagem dos preços de importação da gasolina e diesel ultrapassou a barreira de 10% (ou seja, a gasolina estava sendo importada com 10% de diferença do preço vendido em mercados internacionais – para cima ou para baixo), os reajustes ganharam força.
“Desde a nova presidência da estatal, foram realizados quatro reajustes, sendo dois negativos – sim, reduzindo o preço da gasolina. Antes disso, os preços haviam sido reajustados por dez vezes desde janeiro. Ou seja, um total de 14 reajustes desde o início do ano”, lembra a analista.
Câmbio e o preço dos combustíveis
Em relação ao impacto da taxa de câmbio, a XP prevê que encerre o ano em R$ 5,20 e 2022 em R$ 5,10 e mostram que o câmbio pode ficar longe do seu valor “justo” por muitos anos. A economista aponta que as perspectivas em relação à depreciação ou apreciação do real são essenciais para definir o que esperar para o preço dos combustíveis no país.
Por fim, o relatório destaca que as expectativas para o preço do etanol, um componente importante na formação de preço final dos combustíveis, mostram que, dado os impactos de questões climáticas na produção de cana de açúcar, deve se traduzir em uma oferta reduzida nos próximos meses.
A alta do preço do etanol impacta não somente o preço dos combustíveis fosseis, mas também do próprio etanol na bomba (um substituto da gasolina nos carros flex), que fica bem mais caro.