O Canal Rural entrevista desta terça-feira, 21, recebeu o presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira. Em conversa com o diretor de Conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, o dirigente defendeu a sustentabilidade da agricultura brasileira. De acordo com ele, o setor produtivo nacional sempre respeitou as boas práticas agrícolas, pois conhece muito bem os impactos de não se seguir o que vem sendo praticado em outros países.
“Se você for ao meio rural, vai ver que o meio ambiente está extremamente protegido nas propriedades e assim é em toda a agricultura brasileira, pois o primeiro impactado por qualquer desequilíbrio ambiental é o produtor, e não a sociedade. A sociedade é consequência daquilo que sai do campo”, diz.
Ainda segundo o presidente da Farsul, ao aumentar a produtividade por hectare, a agricultura nacional dá outra demonstração de preservação dos seus principais biomas.
“Ao produzir de forma mais vertical, nós estamos preservando a Amazônia, e por isso não precisamos da produção da floresta do Brasil. Esse crescimento vertical é exemplo de uma das agriculturas mais eficientes do mundo, que produz até três safras no ano, bem diferente dos países do Hemisfério Norte, como nos Estados Unidos, com apenas uma safra. O Brasil mostra ao mundo que é possível crescer sua produção em uma mesma área. Isso é sustentabilidade”.
Gedeão Pereira ainda ressalta o papel do agricultor como fundamental na proteção ao meio ambiente e faz críticas a quem responsabiliza o homem do campo por ações como o desmatamento. “O primeiro preservacionista é aquele que está em cima da terra. Se ele não cuidar da sua terra, ele é o primeiro a pagar a conta. Não são ONGS ou pessoas que vivem longe da terra e querem ditar regras para o homem que vive no campo, somos contra pessoas que agem dessa forma”.
O presidente da Farsul lembrou das características das lavouras, especialmente do Rio Grande do Sul, ao falar da proteção do solo. “Não vemos mais erosão como era no passado, devido ao advento do plantio direto em cima de palhada. Temos nascentes de águas protegidas, por isso acredito que isso é um conceito sustentável. Aumento de produtividade por hectare significa que podemos avançar na produção com o uso de menos áreas”.
Status sanitário de aftosa sem vacinação
Ao ser questionado sobre as oportunidades que o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação traz ao Rio Grande do Sul, Gedeão Pereira disse que a Expointer foi marcada por um fato curioso: com o público presente já vacinado contra a Covid-19 e, pela primeira vez, com os animais sem a necessidade de imunização contra a aftosa.
“Isso demonstra para o mundo que o Brasil assume a sua responsabilidade não só com os cuidados com sanidade animal, mas com a vegetal, pois nós produzimos toneladas de alimentos para o mundo e somos dependentes do mercado internacional. Imagina o que aconteceria se nós perdêssemos todos esses mercados?”, indaga Pereira.
Ainda segundo ele, os casos atípicos de “mal da vaca louca”, recentemente registrados em Minas Gerais e Mato Grosso, comprovam o cuidado dos produtores com a sanidade, uma vez que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) manteve a classificação do Brasil como país de risco insignificante para a doença.
“Essa qualidade dos nossos produtos foi conquistada ao longo dos últimos anos. Agora chegará uma época em que as olharão para os produtos agro do Brasil e terão a certeza de que têm qualidade. Isso nos dá garantia de mercado. Assim, os estados livres de aftosa sem vacinação mostram ao mundo que o Brasil está cuidando da sanidade”.
Marco temporal
Outro tema abordado durante o Canal Rural Entrevista com o presidente da Farsul foi a questão do marco temporal das terras indígenas, que neste momento está sob julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Para o dirigente, o direito à propriedade é sagrado. Ele ressalta, ainda, que não existe produção que não tenha respeitado o seu direito à propriedade.
“O STF trouxe de volta isso, um assunto que desagrada, pois estamos discutindo algo que a própria Corte já havia resolvido. Esse novo julgamento do marco temporal traz insegurança e também incerteza em relação ao investimento”, destaca Pereira.