Uma combinação de remédios já conhecidos tem o potencial de prolongar a vida de pacientes com câncer de próstata. A adoção desses medicamentospode diminuir a necessidade de tratamentos hormonais e de castração para prolongar a vida de alguns homens.
As descobertas foram apresentadas durante a edição de 2021 do Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (Esmo). Foram realizados dois estudos com o AAP, uma combinação de acetato de abiraterona e a prednisolona, que foi adicionada à terapia padrão contra o câncer de próstata.
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A combinação de remédios prolongou a sobrevida dos pacientes quando comparada com a terapia padrão sozinha. As descobertas foram comemoradas pela presidente do Departamento Interdisciplinar de Oncologia Urológica da Charité Universitätsmedizin, na Alemanha, Maria De Santis.
Novo padrão?
Segundo De Santis, as descobertas têm o potencial de serem implementadas imediatamente, já que se trata de uma combinação de dois remédios já conhecidos. Por conta disso, não será necessária a aprovação de órgãos regulatórios para a adoção do tratamento.
O desafio agora é convencer médicos e pacientes a adotarem o tratamento, principalmente naquelas que possuem risco elevado de metástase. Para De Santis, o ideal é que o tratamento com a combinação de abiraterona e prednisolona se torne o padrão de atendimento para o câncer de próstata.
Atualmente, o padrão de atendimento para homens com câncer de próstata em metástase é o docetaxel, um agente quimioterápico. A ele, são somadas a terapia de privação de androgênio (ADT), e um agente hormonal de próxima geração, a abiraterona.
Aumento da expectativa de vida
Inicialmente, os pesquisadores tentaram descobrir se o AAP era efetivo ao ser adicionado apenas ao ADT ou somado ao ADT e o docetaxel. Os testes mostraram que quando o AAP foi somado aos dois medicamentos, reduziu o risco de morte em 25% quando comparado à soma com apenas um.
De acordo com o autor do estudo, o professor de oncologia da Universidade Paris-Saclay, na França, Karim Fizazi, o tratamento foi bastante efetivo em homens com cânceres mais agressivos. Além disso, os efeitos colaterais do tratamento com os três medicamentos foram mais leves.
O tratamento, que foi chamado de trigêmeo, proporcionou, em média, dois anos e meio a mais sem progressão do câncer e aproximadamente mais um ano e meio de vida. Ou seja, os pacientes ganharam, em média, mais dois anos de expectativa de vida, que passou de três para cinco anos.
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Segundo Fizazi, o tratamento trigêmeo claramente adiou a progressão do câncer em metástase. Contudo, ainda são necessárias novas análises para verificar qual o impacto da nova abordagem na sobrevida dos pacientes.
De acordo com o médico, é necessário um acompanhamento mais longo para determinar qual o papel de uma terapia na sobrevida de pacientes com câncer. Porém, é possível que o tratamento seja adotado em diferentes partes do mundo, já que os medicamentos do AAP terão a patente quebrada.
Via: Medical Xpress
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