“O Brasil criou a agricultura mais segura do mundo, eficiente e sustentável, graças à Ciência. Mas isso não basta”, afirmou o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, que foi homenageado nesta segunda-feira (20), por representantes do setor, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Paolinelli foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2021 pelo seu trabalho à frente do cerrado brasileiro na década de 1970, quando era secretário de Minas Gerais.
“O que nós precisamos é dar continuidade a esse trabalho. As políticas agrícolas estão aí. Somos um país com vocação liberal e capacidade para isso. Agora, não devemos misturar a competência agrícola com o jogo político”, disse ele. Elogiado por colegas como o também ex-ministro Roberto Rodrigues, presente à ocasião, Paolinelli terá sua história contada no livro Alysson Paolinelli – ‘O Visionário da Agricultura Tropical’, que está sendo lançado.
As exportações de alimentos por países tropicais, liderados pelo Brasil, cresceram de 21,7% para 39% no panorama global entre 2015 e 2021, de acordo com dados apresentados no evento. “Não usamos nem 20% do nitrogênio empregado na produção de soja pelos nossos concorrentes em países temperados”, pontuou Paolinelli.
O ex-ministro destacou que, por exemplo, no trigo, o país deve se consolidar nos próximos anos como o maior produtor mundial, por ser capaz de produzir todas as variedades disponíveis e oferecer preços compatíveis com os praticados internacionalmente. Além disso, frisou que o solo tropical é capaz de produzir ao longo de doze meses ininterruptos; o sistema de Integração Lavoura, Floresta e Pecuária (ILFP); e a rotação de culturas, como vantagens da agricultura brasileira.
“Só com a área já antropizada, somos capazes de abastecer o mundo em 1950. Não há necessidade de expansão, apenas investimentos em tecnologia”, afirmou Paolinelli, destacando que a ONU estima uma população de até 10 bilhões de pessoas para 2060 e que o Brasil, mesmo produzindo, tem 70% da sua vegetação nativa preservados. “Nossa agricultura tropical é altamente sustentável. Não precisamos mudar os biomas, já estamos à altura do desafio”, reforçou.