Vigilância sanitária do Paraná ‘mira’ região de fronteira


A faixa de fronteira do Paraná com a Argentina e o Paraguai é o principal ponto de alerta no sistema de vigilância sanitário estadual. É por essa área considerada mais vulnerável que pode haver a entrada clandestina de gado proveniente dos países vizinhos, colocando em risco a sanidade animal do estado, reconhecido internacionalmente como área livre de febre aftosa sem vacinação.

A avaliação foi apresentada por Rafael Gonçalves Dias, gerente de saúde animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), em reunião da Comissão Técnica (CT) de Bovinocultura de Corte da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), realizada no início da semana.

“É a região que merece maior atenção. Tudo isso foi levantamento com base em informações, como movimentação de GTAs [Guias de Trânsito Animal] e outros indicadores. É uma faixa com várias entradas secas, com estradas boas, que podem facilitar o acesso irregular de animais”, disse Gonçalves Dias.

Fronteira

O Paraná tem 239 quilômetros de fronteira com o Paraguai, se estendendo por nove municípios, às margens do Rio Paraná. Com a Argentina, são 208 quilômetros de fronteira, passando por 11 cidades.

Segundo a Adapar, os pontos mais sensíveis estão na área de abrangência de Barracão, Santo Antônio do Sudoeste e Bom Jesus do Sul, na região sudoeste do estado. Os três munícipios estão separados da Argentina por fronteiras secas ou pelo rio Santo Antônio, que tem pontos estreitos e rasos, em que é possível atravessar a pé.

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Posto de Fiscalização de Trânsito Agropecuário na fronteira. Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Após o reconhecimento internacional do Paraná, essa vulnerabilidade na faixa de fronteira exigiu um reforço das ações de vigilância, coordenando esforços do governo e de forças de segurança estaduais e federais.

Desde maio, mais de 100 bovinos que entraram irregularmente pela fronteira foram apreendidos e encaminhados para abate sanitário imediato, em operações da Adapar em conjunto com forças de segurança.

“A certificação internacional exigiu um controle maior do nosso cadastro e do trânsito de animais, além de ações de vigilância. A diferença de preço [dos bovinos] da Argentina para o Brasil favorece essa tentativa de entrada irregular”, apontou Gonçalves Dias.

Fiscalização

O presidente da CT, Rodolpho Botelho, destacou a importância do setor produtivo para o fortalecimento do sistema de sanidade animal do Paraná. Ele mencionou ações, como o cadastramento do rebanho junto à Adapar e o correto transporte de animais.

“Todo o trabalho do governo é fundamental. Mas se quisermos galgar novos mercados, temos que fazer a nossa parte. Temos que entender que trabalhamos com segurança alimentar. Temos o sistema sanitário mais avançado do Brasil. Temos que estar na vanguarda”, disse.

Rastreabilidade

A CT de Bovinocultura de Corte da Faep também abordou a rastreabilidade. O fundador da startup Databoi, Floriano Varejão, apresentou um sistema de identificação de bovinos a partir de fotografia do focinho do animal, tirada com um smartphone e incluída na plataforma digital.

Com isso é possível criar uma espécie de CPF de cada animal, vinculando uma série de informações rastreáveis – desde a linhagem do animal até dados sobre sua vida.

“O focinho tem informações morfológicas únicas, que permanecem do nascimento ao abate. Então, o focinho do animal é um marcador biométrico. Funciona como a digital do bovino”, definiu Varejão.

Todos esses dados podem gerar uma série de facilidades ao pecuarista – de ajudar na certificação dos animais a se constituir como uma ferramenta de gestão nas fazendas. Além disso, as informações podem acelerar o crédito bancário e agilizar a compra e venda de gado rastreado, por exemplo.

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