Brasileiros criam aparelho que trata síndrome pós-Covid


Pacientes em recuperação da Covid-19, que apresentam fraqueza nos músculos usados para a respiração, normalmente necessitam ser submetidos a uma terapia muscular respiratória (TMR). Os exercícios são realizados por meio de um equipamento importado, descartável, que só pode ser usado em ambiente hospitalar.

Agora, um novo aparelho que facilita a TMR foi desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica, do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

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O novo dispositivo para fisioterapia respiratória é indicado para quadros de fraqueza muscular respiratória decorrentes de doenças como o câncer de pulmão e a Covid-19, substituindo equipamentos importados e descartáveis. Imagem: Agência Inova Unicamp

O equipamento, que é feito de plástico, borracha e aço inoxidável, tem custo de produção estimado em cerca de R$50, além de poder ser utilizado em casa.

De acordo com o professor Éder Sócrates Najar Lopes, do Departamento de Manufatura e Materiais, da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, o aparelho descartável atualmente em uso custa quatro vezes mais. “[As equipes médicas] tiveram acesso a um equipamento importado, um dispositivo descartável, de um custo em torno de R$ 200”, explica.

Aparelho desenvolvido pela Unicamp tem dupla função

O uso do aparelho é indicado não apenas para tratar de complicações pós-Covid, como também para reabilitação de pacientes com outras doenças que impactam na oxigenação do sangue, como câncer de pulmão, asma e enfisema pulmonar. 

A nova tecnologia para a TMR é útil no tratamento de pacientes pós-covid, quando, muitas vezes, a dispneia (fraqueza dos músculos da respiração) se mantém mesmo após a cura. A fisioterapia respiratória ajuda na recuperação desses casos.

Segundo Lopes, o equipamento não é descartável. “A primeira demanda era que o equipamento fosse reutilizável. Isso passa, necessariamente, por você conseguir abrir, desmontar e higienizar com água e detergente, como se faz em casa com uma mamadeira. Depois, pensamos na redução de custos, juntando dois conceitos, para que fosse mais acessível a pessoas de baixa renda”, explica. 

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O aparelho, que está em fase de protótipo, pode, segundo os criadores, ser montado e desmontado por adultos, idosos e até crianças. Isso porque apresenta encaixes que facilitam o manuseio. 

De acordo com o site da Agência Inova Unicamp, “a grande vantagem está na troca da posição do bocal, que dependendo do lado, faz o dispositivo desempenhar tanto a função de terapia muscular inspiratória (TMI) quanto a de terapia muscular expiratória (TME)”. 

A anatomia da peça também permite ajuste de modo preciso, da carga de treinamento e durante o exercício, sem a necessidade de supervisão direta de um profissional de saúde. Outras tecnologias similares, já disponíveis no mercado ou em fase de desenvolvimento, não oferecem tais benefícios, sendo descartáveis, limitadas na questão que envolve a facilidade de limpeza dos componentes ou oferecendo apenas um dos tipos de terapia separadamente. 

Nova tecnologia de tratamento pós-Covid deve ser patenteada pela Unicamp

A Agência Inova Unicamp depositou um pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi). Para a realização dos testes clínicos, grupos de 30 pacientes do Hospital das Clínicas da Unicamp que tenham doenças ocupacionais, doenças obstrutivas crônicas e tabagistas, serão acompanhados por 12 semanas utilizando o aparelho. O estudo ainda depende de aprovação e financiamento.

O novo produto pode ser comparado a um aparelho de inalação. “Quando eu era criança, para fazer inalação, tinha que fazer no hospital ou na farmácia. Hoje, ele já está nas residências, de fácil operação”, explica. 

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